Redes sociais não são diálogos ou conversas. São Monólogos coletivos - Por Edison Martins

Artigo • 18 de Maio de 2018

Redes sociais não são diálogos ou conversas. São Monólogos coletivos.

1 - Você mandou um texto pelo WhatsApp que precisava de um sim ou não e ela respondeu com um áudio de 6 minutos. 2 - Ele te mandou uma mensagem no Facebook e você respondeu por e-mail porque achava melhor deixar registrado por um meio mais “oficial.” 3 - Você mandou um vídeo para o grupo que uma pessoa viu até o fim, outra não viu e dois viram pela metade, sendo que o único que comentou foi o que só viu pela metade e perdeu a parte mais importante. 4 - Te mandaram um WhatsApp de uma questão que era urgente mas você só respondeu no dia seguinte porque para você não era nada urgente. 5 - Chegou um e-mail com muitas pessoas copiadas sobre um assunto delicado mas você não respondeu porque queria ver o que os outros copiados pensavam sobre o assunto. 6 - Você criou um grupo com 8 pessoas para um almoço no domingo com seus amigos mas 1 opiniou que era melhor jantar, 1 achava que era melhor no sábado, 2 opinaram que preferiam que essa discussão não fosse em grupo e 3 saíram porque ficaram chateados com os comentários dos outros. 7 - Você fez uma apresentação linda, profunda e presencial de um projeto para 6 pessoas, cada uma fez contribuições muito interessantes sobre o tema e aí um pediu uma cópia em PDF para enviar para um diretor que estava na Indonésia, que recebeu a mensagem no meio de uma reunião tumultuada quando ele estava p... da vida e ele respondeu para suspender tudo, que achava que não tinha nada a ver, que quando voltasse ao Brasil recomeçava do zero.
Eh, seria possível ter uma infinidade de outros exemplos mas vamos parar por aí que você já deve ter se reconhecido em alguns.
A verdade é que temos uma questão: os tempos de comunicação via redes sociais são de democracia, egoísmo ou autoritarismo de comunicação?
Hoje cada um tem a liberdade de perguntar, responder e comentar como quer, quando quer, para quem quer. E isso é bom ou ruim? Com certeza um pouco de cada, dependendo da situação, das pessoas, do tema, etc.
Mas como eu não quero ser escorregadio e prefiro correr o risco das críticas construtivas, coloco minha opinião: hoje, do jeito que vemos e convivemos isto está mais para egoísmo, individualismo e em alguns casos prepotência que estimula o outro a agir do mesmo jeito, na lei da ação e reação.
É a tecnologia que entrou para facilitar a vida de todos mas entrou em tal velocidade que seria como dar um carro para cada um, sem ninguém saber ainda como dirigir.
Na falta de um código de conduta, de bom senso, de um combinado mínimo, cada um age de acordo com a sua própria conveniência e regras que criou. É o eu, eu, eu.
Pois acredito que vamos ter que dar uns passos atrás para seguir em frente. Vamos ter que aprender a usar as tecnologias e meios de comunicação com códigos e combinados, sejam explícitos ou implícitos, para fazer dos mesmos algo realmente produtivo e respeitoso.
Eu cheguei até a pensar a criar um App que sempre que você mandava uma mensagem para alguém (um e-mail, uma mensagem de texto, áudio, foto ou vídeo de WhatsApp, um Messenger no Facebook, um oi no insta, uma ligação no celular, um sms ou o que mais existe que eu não recordo agora ou inventarem até a publicação deste) ele dava um retorno explicando para quem enviou a mensagem o melhor meio, horário, forma de encontrar a pessoa de acordo com o tipo de assunto e sua urgência. Ia ser um ótimo serviço.
Mas voltando ao tema, acho que vamos fazer com todos os meios o mesmo que fazíamos na vida há uns 10 ou 15 anos: se você precisava falar com alguém, ligava. Se a pessoa era desconhecida sua, você pedia licença, se apresentava, perguntava se podia falar. Se era assunto urgente, de morte ou acidente, você falava com 10 pessoas para dar a notícia e ela chegava lá. Se não era urgente, dava pra esperar.
Estamos falando do tempo (logo ontem) que ninguém te pedia emprego ou empréstimo sem o mínimo de intimidade (fora alguns parentes sem noção).
Nenhum cliente ou parceiro de negócios escrevia qualquer coisa, pedindo qualquer coisa a qualquer momento sem antes ter refletido 5 minutos mais ou ter tentado achar uma outra solução por si.
Nenhum amigo brigava com você e cortava relações só porque você comentou sobre um time de futebol no meio de uma conversa sobre política.
Bem, vamos ter que nos reeducarmos e reaprendermos. Assim como a bomba atômica foi uma solução para vingança e pra colocar ponto final em conflitos mas perceberam que se não retrocedem poderia dar xabú, o uso indiscriminado das redes sociais será semelhante.
E aí, um dia, logo ali na frente, aí sim nos vamos ver que muita coisa mudou pra melhor. Mas por enquanto, tá barra, viu.
Final do monólogo escrito.
Edison Martins
Sócio-Diretor da Martpet Comunicação
Recife – PE

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